Monday, September 10, 2007


o sol nasceu e eu nem vi
Venus me rege e eu nem me toco
mais dias ( programas de Tv) passam
e nao me apercebo
apenas desfolho mais uma revista
ligo a tv
ou escuto uma nova cançao dizendo
TUDO
que eu ja sabia...

porto alegre, maio de 75.

Wednesday, September 05, 2007

Aguazinha ou Maria Farinha



(pra Katyenne porque me ensinou a re-escrever)

se eu combinar um passeio contigo à tarde
andar a pé de Maria Farinha até Pau Amarelo
eu sei que voce vem
de blusa preta indiana esvoaçante
os cabelos soltos
ligará uma cinco vezes
trocará o local marcado
mas eu sei que voce vem:
com os olhos brilhando de tanto amor

se eu combinar contigo um encontro
no final da tarde
pra vermos o por do sol no baixo Pina
eu sei que voce vem
de botas pretas militar
com roupas masculinas
os cabelos presos por um lenço
ligará umas cinco vezes
me cobrará pactos
fará milhoes de juras
e virá
como sempre
com os olhos brilhando de tanto amor
eu sei disso
porque na realidade
eles sao o reflexo dos meus...

Pau Amarelo, março de 96

Saturday, September 01, 2007



NINGUÉM NO CARNAVAL
( Pra Erasmo Carlos, porque ele sabe...)

Olhei pela janela, era carnaval
Gritei o seu nome, você não ouviu
Porque era carnaval?
Fui prá janela e não vi a Portela
Empurra que pega no Leblon
Vem ni mim que sou facinha
Cordão do Bola Preta
Não
Não era carnaval dentro de mim
Te procurei em todas as vielas
Em todos os becos
Sites e sítios
Te procurei em toda a favela
NADA
Era carnaval prá você, será?
Eu não via NINGUÉM no carnaval
NINGUÉM
No meu peito era só Stones e Yeah, Yeah, Yeahs
Fico pensando o que faço só prá ter você
Os versos que já fiz, todos POEMASMUNDO prá ti
Tanto DRUMOND nos ouvidos
Mas era carnaval, porra!
Você não nota a minha existência
SERÁ PORQUE ERA CARNAVAL?
Ou foi desde sempre assim?
Não
Não era carnaval, no meu peito não
Tira esse samba do meu peito, tira!
A semana inteira fiquei esperando por você
Não quero mais rimar as palavras com desespero
Não quero fazer de tua ausência o meu abismo!
Desliga essa bateria, porra!
... esquece não pensa mais...


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karminha ( Do por do sol nos olhos, do nascer no rosto do sol...


prussiana karminha



Cara karminha
Lábios de carmim
Vermelho como o querubim
Minha cara, cara karminha
Cara, carinha-rosto-
-de cara.
Prussiana karminha
Do por do sol nos olhos
Do nascer no rosto do sol
Russa de teatro-magico ou louco
Cara cara, karminha
Do saber mais novo de todos nós
Da firmeza mais firme de falar pra nós
A tua aura é de fogo (agora)
As tuas indecisões são as nossas respostas
Respostas pra esse nascer do sol
ou
Morrer da noite
Agora...

paZtor ( Bambui, julho 74)


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No Youtube:
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Friday, August 31, 2007

ESTRATUAGEM ( paZtor Sugar)


ESTRATUAGEM



(pro paZtor Sugar(foto)- porque ele lia muito esse trecho)


A estrada é minha fixação, minha via respiratória.
Meu Édipo realizado.
Nela sou incêndio. Terremoto/diluvio/ventania.
Sou os quatro elementos em convulsão simultânea.
Minhas garras brilham.
Minha cabeça explode.
Meu sangue corre limpo e perfumado ( na estrada)
Longe da sífilis de concreto.
Faço da pele escamas e garfos (faço) de minhas mãos
Tenho a cor da liberdade
...em estado de graça de riso de sol e nascer do dia
Tenho a paixão das águias
E a transparência das gaivotas ( ao entardecer)
Não pare na ida, não pare na volta
Solte os laços, solte os cintos
Solte o vôo e nós seremos os ciganos
Da rota do Norte.

De Joel Macedo, novembro de 71 ( Livro Tatuagem)

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Wednesday, August 29, 2007


Na quinta só pelo fato de saber que te veria à noite
Acordei feliz
Hoje sei que não
E amanha também
O frisson e o tremor no meu corpo
Me fizeram bem
Aquele homem in-di-vi-si-vel
Se partiu
(Mas ainda não estilhaçou)
Por te conhecer:
Hoje choro menos
E me sinto livre pra te amar
Porque teu olhar me liberta
Tua bandeira
Tua cara tua aura
Me fazem sentir vivo vivo vivo vivo vivo vivo vivo vivo
Tranquilamente...

Boomp3.com

Friday, August 24, 2007


NECESSIDADE E EXPRESSÃO
+ NECESSIDADE DE COMUNICAÇÃO
+ NECESSIDADE DE AÇÃO
+ NECESSIDADE DE PRAZER
= BELAS ARTES.

Mario de Andrade, 1924



Drummond

Com a língua portuguesa eu descobri o mundo
Acordei a princesa
Acendi a chama que ardia dentro de mim
Carlos Drummond de Andrade
Das andadas
Me indicou o caminho do meio
Da rua
O jeito de rebolar
De sacudir as ancas
De acabar com toda essa ansiedade
De fechar os olhos prá essa realidade
Que estão querendo nos vender, nos vencer
Mas luto
Escrevo no papel
Foi Luiz Carlos Maciel quem me aplicou
Juntamente com todo lirismo e beleza
Da língua portuguesa...

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Wednesday, August 22, 2007


Ela me fez mil juras, promessas
Me fará perder o medo do escuro
Me ensinará a dançar
Passeios no zoológico
Me absolveria de todos os pecados
O dia amanhecia
E ela me prometia
Me querer mesmo de mentira
Passar a procuração de todos os seus atos
Beijaria meus olhos enquanto eu dormia
Assim me enfeitiçaria
Me querendo mesmo de mentira
Ela me fez mil juras
Promessas

( Pra Miwky)

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ELA DISSE ASSIM




Ela disse assim:
O amor que você sente por mim
É uma coisa enorme, do tamanho do mundo?
Eu respondi que sim
Que era Drummond
E ela insistia
E o amor que você sente pela poesia
É do tamanho Drummond?
Repeti que sim
Que era Do Mundo
E ela insistia
Drummondd-domundo drummondd-domundo-drummond

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baseado em Go Back




Você me pede prá ir ao cinema
Entenda:
Eu não quero ver nada daquilo que já sei de sobra
Escuta:
Você reclama, bate o pé e chora
Porque não vamos a grandes reuniões?:
-Olha, eu só posso ir até onde eu aguente a barra.
Mas você grita e PERGUNTA!
Porque não vamos ao ci-ne-ma?
E eu repito:
Não quero ver aquilo que já sei
nao quero ver aquilo que ja´sei
nao quero ver aquilo que já sei de sobra...


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Tuesday, August 21, 2007

PORQUE VOCÊ NÃO APARECEU?


PORQUE VOCÊ NÃO APARECEU?

PORQUE VOCÊ NÃO APARECEU?

Porque vcê não apareceu?
Tenho te procurado nas gavetas, no meu quarto
Na TV e não te encontro
Tenho te procurado, como procuro DEUS!!:
Dentro de mim, na caixinha do armário
No arroz integral e no Jethro Tull
As vezes fico pensando...
Se você e DEUS prá mim são a mesma pessoa
Porque procuro vocês dois com a mesma intensidade
do meu ser
Com todas as forças que são poucas no momento
Mas eu queria apenas te ter agora
Do meu lado
Acariciando minhas costas librianas
E dançando comigo ao som do Tull
Porque você não apareceu?
Porque você não apareceu?



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de repente....

DE REPENTE

De repente Ficou tão tarde
Meu rosto olhando prá trás
Você quem disse...
O brilho nos olhos
Continua o mesmo
E a vida corre do mesmo jeito
Apenas os meus dedos não seguram mais as mesmas coisas
Os mesmos versos
Você quem disse
E eu não entendo porque de repente ficou tão
Tarde
E eu me sinto assim tão disperso...


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Pensando no baby...




Depois de tantos telefonemas pro Rio
Me sinto assim
Pesado, passado...
Pensando que apesar de 8 anos
Continuo cheio de dúvidas
Tanta solidão
Que não te conheço
Que não sei o que passa
Pelos teus dedos
Tua cabeça
Que não sei o que comes
Com quem você dorme
Então quando pego no fone
E penso no Baby
Não consigo me exprimir
Você não vê os gestos que faço
Não consigo ver a cor dos teus cabelos
Mas sei que você morde os lábios
O tempo todo
Cheia de dúvidas...
Pensando no Baby


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Monday, August 20, 2007

Lucille






Lucille

ACTION ONE (piloto)

para Lola e Nina e Mell.

No centro da sala, diante da mesa, Ella e sua mãe. Eu me sentia julgado, enquanto a mãe fingia mexer no celular, e não me ouvir,mas pra mim qualquer afetação de indignação ou negação teria me afetado menos que o desprezo silencioso, ou a calma falsa que precedia cada ação de sua filha. Paranóia. Eu andava obcecado e o meu peito parecia explodir. 

Não, eu me controlo. Levanto e pego uma taça de vinho. As duas fingem não ver meus movimentos. Será que consigo descrever minhas sensações¿ A noite posta sobre a mesa. Estão fingindo olhar o celular  e me julgando. Penso em sair da mesa alegando que vou fumar, mas elas sabem que não fumo, Como sair disso agora¿ Paranoia.Eu não deveria por uma data pra essa estória pois é ́uma cena persecutória numa mesa de jantar com uma família que tento mais uma vez me adequar, mas eu começo a contar as história sobre a igreja  e o Velho testamento... a algazarra crescente exponencial  de minha cabeça em ́pânico atingia níveis...Pàranóia. 

Eu vou levantar. Eu vou conseguir travar um diálogo. Vou sair pra fumar e nunca mais eu volto. Tudo isso rodava na minha cabeça como num filme. Me passa a salada. Ah, Kardec, sim...

Nessas horas penso em chamar  Deus mas estamos de mal desde a segunda guerra quando Ele deixou tantos judeus morrerem covardemente¿ E também por que Ele não fez aquela bala parar em 8 dezembro de 80¿ Choro a  morte de Lennon todos dezembros.

De volta a mesa. O Amor por princípio, era somente isso que movia minhas ações nos últimos tempos mas eu estava obcecado, não vou negar. O princípio na busca do prazer, seria Impossível eu ver um futuro luminoso a partir de um presente nebuloso. E eu amava demais Ella e havia me desprendido de todas relações duvidosas anteriores, total liberto.

Eu havia voltado a minha atividade de guerreiro, a arte de espreita, de Caçador- já tinha até dois discípulos e pela manhã e no por do sol fazíamos exercícios pela rede e meditações e Passos do Poder em praias imaginárias. Eu precisava realmente sair desse lugar e deslocamento da mesa no centro da sala, mas Ella me puxava com seus grandes olhos verdes. Eu andava obcecado.

Inveja hereditária e circular, mais uma vez uma sogra no meu caminho, e essa culpada e não-católica até a medula. Não confio em ninguém com mais de 30 aos que frequenta templos e principalmente se for protestante!

Era um deja-vu: ....................

E quando eu comecei a emular as minhas opiniões, e me examinei no íntimo eu não tinha mais certeza de que não sentiria medo de me expor...eu já não sabia...

 Motes:

Desumano voluntarioso  impetuoso

Dança irreal ao som de melopeias imaginárias

Os ciganos que sabiam  de todas as coisas

 

ACTION TWO.

(“ Se em sua vida te incomodei,ao morrer, serei sua morte”)

Liége!!!



Você pode até dizer, Liége
Que meus olhos são surdos
Meus ouvidos são cegos
Aceito
Tudo bem
Até que você é louca também
Agora negue
Que a minha boca é muda, surda
Que meus olhos são cegos- os ouvidos surdos
Eu duvido que você diga que eu não
Sou louco por você
Eu duvido que você diga que eu não
Sou louco por você

Prá te agarrar na Cinelândia
Te assustar com a minha língua
Te matar com tanto amor
Agora, só porque meus olhos ficaram de frente pros teus
Não é motivo prá você querer arrancá-los
Só porque eles choram e são tão sinceros:
Liége




Fundo do Oceano.



FUNDO DO OCEANO


As vezes tenho medo que alguém sonhe com o meu quarto
Mexa nas minhas coisas, abra minha gaveta, revire meus textos
e descubra assim, o meu lado obscuro
Tipo o lado desconhecido da lua, "the dark side"
O fundo do oceano
Desvendando aquilo que guardo, que calo
As vezes tenho medo que alguém sonhe com o meu quarto e mexa nas minhas coisas
Leia meus panfletos e descubra assim que a minha revolução
É muito particular
Que minha loucura é pessoal e controlada
Que eu não estou acessível
Que eu sô apaixonado
Que eu acordo e vou prá rua feito um caçador
A espreita do novo...
Que eu acordo e vou pra rua feito um caçador
À espreita do NO-VO!!!

Expressionismus


Ninguém precisa ter medo
ninguém se perde,
nem por causa de um movimento.
um pouco de variedade
é sempre desejável.
E muito mais do que isso
não surge desta magia aqui.

Quando um movimento fez muito,
teve efeito arqueológico:
removeu em nós uma castração.

Não se pense, porem,
que a entrega pura e lisa ao tempo
seja regra e o comum.
Os menos dos homens
vivenciam seu tempo,
isto precisa ser visto duramente;
os mais dos homens
tem negócios a fazer
e não tem tempo
para o seu tempo.

Alfred Doblin, 1918


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Wednesday, June 06, 2007

! Clara! E os Quixotes Magistrais


! Clara!e os Quixotes Magistrais.

Clara,sonhei com voce, te contava a estoria de Dom Quixote numa tarde ensolarada no baixo bebe do Leblon.
Voce me escutava atenta e eu pensava em tantos quixotes que eu procurei, li e tentei segui-los vida a fora....
Syd Barret, Baudelaire, Arnaldo Baptista, Neal Cassady, Ginsberg,Timothy Leary, Sergio Sampaio, Torquato Neto.
Voce brincava com o mouse , clicando nas fotos já desgastadas da rede, sorria e curiosa: Quem é esse? O que ele tem no cabelo?
Era Syd Barret, o freak fundador e mentor da fase mais lisergica do Pink Floyd, Umagumma/Piper. Um dia ele pirou e foi pro palco com um pasta branca na cabeca, uma mistura de varias drogas, artane, mandrix,sua cozinha anfetaminica. Todos os 'aliados' na sua busca insana de equilíbrio, no fio da navalha. O cara não habitava mais um lugar e sim a própria velocidade. A solidão positiva, a loucura circundante.
Eu nao podia dizer isso assim dessa forma pra ela, entao fiz uma sutil parabola:
aquele moco com pasta branca na cabeça, queria ser um palhaço , ele adorava ir ao circo mas nao gostava da roupa multi-colorida e exagerada dos palhaços,
tampouco suas maquiagens forçadas, entao optou por uma máscara algo que nao lembrasse o nariz vermelho dos palhaços. “ A esquizofrenia e o ato criativo andam de mãos dadas e o individuo pode oscilar de um para outro.”
Ela aumentava a foto e seus amiguinhos riam da cara e da roupa de Syd.
"Eu conheço um quarto de sons musicais/ Uns rimam, outros tocam/ A maioria deles é mecânica/ Vamos lá fazê-los funcionar”, uma das letras
de Syd.
A proxima foto que ela clicava tinha um cara com uma roupa militar, tal um 'sargento' cheio de medalhas e na capa do jornal, janeiro de 82, estampava:
“Vôo para a morte...” Curiosa, ela apontava e me olhava. Era o Mutante Arnaldo Baptista. Depois de se auto-exilar de sua banda,Os Mutantes, ele cria a “Patrulha do Espaço”.Anso depois, sozinho, traduziu pro portugues todas as musicas que tinha feito na Patrulha do Espaço e grava Singing Alone ( onde toca todos os instrumentos).
Esse disco e Loki? Foram discos impactantes, marcos da minha geração. Apos se separar da Rita Lee, entra em profunda depressao, era o fim do sonho de Lennon pré-anunciado.
Mais uma vez eu nao podia sobrepor o meu olhar, deixando livre o seu lirismo e seu descondicionamento. E explicava:
Clara, ele queria voar, ficou tao livre de suas amarras, não se encaixava em nenhuma forma de organizaçao, prisioneiro a céu aberto, que se jogou do terceiro andar, no primeiro dia do ano, estava sozinho, a solidao era tanta...e...
ele correu num voo cego pelas salas imensas...o seu vôo apontava o desencanto pelo mundo real.
“ Suicidar-se era viver, o ultimo ato vital que lhe restava.”
Clara, fez que entendeu, como convém a uma crianca. Estatico, pensei, como lidar com uma crianca que sabe?
A proxima foto foi eu que abri: Neal Cassady.
Era dificil falar algo pra Clara daquela figura tosca ali, na ferrovia.
Era dificil imaginar Neal parado, o cara que nao parava de falar e gesticular, os braços muito abertos. O cara que foi o guru dos beats e muito pouco reconhecido, muito pouco escreveu mas sempre me fascinou, por todo o ocio e o não-fazer que adotou. Ele disse nao ao sistema desde cedo e foi muito importante na minha adolescencia, ficava imaginando como seria sair assim sem
destino,por toda a América ou o Brasil. Tentei fazer o mesmo aos 17, com minha irma de 14 anos, pegamos um trem e fomos pro sul, sendo parados pela policia o tempo todo,mas sempre tinhamos uma vantagem acima de sua surpresa: meu pai havia assinado um documento nos dando a maioridade....
Neal se casou duas vezes com a mesma mulher, Carolyn Robinson, e isso me fascinava. Ele roubou dez mil dólares da Carolyn, que pediu o divorcio. Anos depois eles se reencontram e se casam de novo. Finalmente, em 63, se divorciam novamente após Carolyn flagar o triangulo, Neal, Ginsberg e LuAnne na cama.Tiveram três filhos e ela escreveu uma biografia sobre essa tumultuada relação. Minha cabeça ficou com essa ação persecutória e idólatra: pensei muito em casar de novo com minha ex que se divorciou a minha revelia. “Estamos presos um inferno de frenética passividade.”
Mas isso não é assunto pra Clara, que quer saber de Alice e o País das Maravilhas, e eu, avô precoce, com cara de filho sem pai, com cheiro de verde, ainda estou aprendendo, tentando me esconder da luz do sol que denunciava minha idade.
A próxima foto que ela perguntava seria difícil, muito doloroso eu contar algo que não a chocasse pois eles foram ( e são ) partes da minha vida desde que eu tinha 13 anos, desde sempre; Os Sete de Chicago: Jerry Rubin, Abbie Hoffmann e... Rubin estava de palhaço e era mais fácil de contar algo. Mas, como, se durante anos eles foram neutralizados pela sociedade de controle que se funda no poder da tecnologia e convertem toda sua revolução numa brincadeira de garotos desorientados e drogados?
Bem, Clara, ele era um palhaço e foi a um julgamento com seus amigos porque suas brincadeiras não faziam ninguém rir no circo. Eles tentaram depor um presidente que fomentava a guerra do Vietnã.Foram presos porque em 68,incitaram, pararam Chicago com ações,pequenas ações desobientes civis, atrapalhando o trafego, fazendo pequenos incêndios, subindo nos carros e gritando em megafones palavras de ordens contra a sangrenta guerra do Vietnã.Eram o shippies politizados, que se auto-denominaram Yppies- Partido Internacional da Juventude. Eles tinham ao seu lado nada menos que o lendário escritor Norman Mailler, Lennon, Ginsberg e John Sinclair. Foram todos presos e o seu julgamento foi um verdadeiro happenning com uma grande parte dos expoentes da contracultura presentes...O julgamento foi notícia em todos grandes jrnais do mundo, eu tinha 13 anos e recoreti uma matéria de capa da Manchete e dali veio o meu envolvimento. Vivíamos empelna ditadura militar e aqueles caras me incitavam a fazer pequenas revoluções no ginásio.
Jerry Rubin e Abbie Hoffman não fizeram concessões, preferiram passar fome a traficar com as letras. Rubin escreveu o livro DO IT, em que propõe um porco, o Justus, como presidente da América.
“ O objetivo principal hoje não é descobrir quem somos, mas recusa-lo.”
Ainda teriam tantas fotos e tantos quixotes, eu não precisava falar de todos de uma vez,as fotos estavam ali: Lucien Carr, Tim Leary, Burroughs, Sartre...temos todo o tempo do mundo, não é Clara? Somos tão jovens....

As frases entre aspas são de Rollo May,Laing e Foucault. Algumas eu copio e cito e outras eu não lembro de quem são.

Esse texto é dedicado ao amor incondicional que nutro por Alexandre Do Val e por tudo que ele me propiciou.
O SELVAGEM SERIA O OUTRO DO CIVILIZADO?

Thursday, May 10, 2007

É Paulo, São Mutantes.



Harém da Imaginaçao.

São Paulo, dia 25 de janeiro, aniversario da cidade. 21:15h. Após a apresentação apocalíptica de Tom Zé, entram no palco Os Mutantes. Sim, Os Mutantes. Os irmãos Sergio Dias e Arnaldo Baptista,Dinho e a nova mutante Zélia Duncan.
Sergio e Arnaldo visivelmentes emocionados, os olhos de Serginho brilhavam muito. Fantasiado de D. Pedro I, Arnaldo de capa, ao som de D. Quixote. As 50 mil pesssoas vieram abaixo, era pura emoção!
Na cabeça de Serginho Os Mutantes nunca acabaram, estavam de férias prolongadas.Sim, mais de 30 anos, mas, por suas suas entrevistas, sempre falou nos Mutantes no presente e sempre disposto, aberto a volta, a re-volta dos Mutantes; quando seu desejo passou a ser mais que um cego impulso. Não se via ali a bipartição, antes e depois.
Ninguém sai ileso após ouvir os Mutantes.Como disse Gilberto Gil na capa de seu segundo disco,’não existe camisa de força nem guarda-chuva contra os Mutantes’. Eles sempre foram um “continuo vir-a-ser”, jamais se limitariam a uma compreensão esquematizada.
Me lembro que em 2004, na casa de Lucinha e Arnaldo em Juiz de Fora, quando fomos assinar com Aluizer o contrato do cd Let It Bed do Arnaldo, que saiu pela Revista Outracoisa. Fomos eu, Lobão, Regina, Cris Aspesi, saímos do Rio as 06 da manhã e fomos ouvindo todos os discos solos de Arnaldo ( que eu levei pra ele autografar mas me intimidei na hora) e o assunto veio à baila: Os Mutantes. Aluizer ( empresário do Pato Fu e agora dos Mutantes), muito entusiasmado falando nessa possibilidade remota, naquela época. E o Lobão contando estórias do final dos anos 70 quando montou uma banda tumultuária com Arnaldo Baptista e Arnaldo Brandão( A Bolha, Hanói, Hanói) e nem tinha nome. Brinquei e disse que deveria se chamar 1 Lobao e 2 Arnaldos. Todos riram. Mas a idéia foi abortada após algum tempo, pois eles ensaiavam na casa da namorada do Lobão, a ex do tecladista do Yes, Patrick Moraz e, segundo o Lobão, vivia uma situação de prisão domiciliar , por ser mais novo e tal e ela proibiu os ensaios! Imagina o som que deveria ser isso!!! Já tinha sido detonado o som progressivo e o punk então fervilhando.Enfim, são estórias que o próprio Lobão deverá contar no livro que está preparando na comemoração dos seus 50 anos.
O show. Ponto alto na música Dia 36 em que Arnaldo se solta e a letra, claríssima na sua voz com o mesmo efeito do disco, seria um pitch ou flanger?
Esquece, não pensa mais...
Sérgio super emocionado errou a letra de Balada do Louco sob o olhar sempre atento da Zélia Duncan,e, assim também, em Bat Macumba que se percebia um duelo entre ele e Zélia, quem vai errar a letra? Poesia concreta e visual em que se forma a asa de um morcego e a letra K, glauberiana e desbundada, quando brinca com macumba e iê-iê-iê, um sacrilégio em épocas de ditadura e engajamentos.(68)
Eu não acreditei quando colocaram dois microfones no centro do palco e entrou Tom Zé cantando Qualquer Bobagem, letra fragmentada,de intenções fugidias, quase gaga, em que o cara parece que está bêbado e tenta: es-c-ute essa c-c-anção, ou q-qualquer bobagem...ouça o coração...
A emoção maior, pra mim, foi quando o Serginho anunciou a banda, um brilho nos seus olhos quando fala do irmão, abre os braços e diz:
Nós somos os Mutantes!
Todos juntos numa pessoa só, 50 mil pessoas. Emocionar 50 mil pessoas é tão fácil quanto respirar.



Esse texto é dedicado a Cris.Tina que não teve medo e correu não atrás, mas sim, correu na frente do sonho e vai realizá-lo porque merece.

Foto do site de Bruno Torturra.

OUÇA A PALAVRA ELÉTRICA VOL.1