Saturday, February 07, 2009

Julia!


Júlia!
Criança Oceânica

Sonhei com uma musica dos Beatles, de nome Julia, que John Lennon escreveu pra sua mae, que o abandonou e ele foi então criado por sua tia, Mimi.
No sonho ele me traduzia a letra , e as palavras todas eram pra você, ele falava sobre taxis de papel, sorvetes de sonhos e olhar oceanico e lembrei de toda nossa conversa entre o Hotel Sheraton, Mirante até chegarmos no nosso destino usual, rotineiro, nosso quintal e playground, o Leblon.
Lembro de sua felicidade me perguntando que horas o ‘Hotel Marina acende?’, vc sabe da emoçao que sinto quando o hotel Marina acende...só vc sabe...
Sinto sua falta ( tambem da Clara!), das suas ligaçoes pelo interfone ao meio-dia, ‘tio Bibico vem almoçar, Tio Bibico vem tomar um suculento suco de maracujá que a minha fabulosa mãe fez..’.seu conceito claro de familia, sua felicidade me torna feliz, seu encantamento com a Clara! Basta ver uma das duas pra saber se a outra esta feliz!
Sinto sua falta, você, Julia, minha fiel tradutora, a primeira que fez a leitura de meus poemas com total atençao e intençao...quando nosso trabalho for reconhecido e vc for uma mulher fico pensando a felicidade que será você recitando minhas poesias, não mais me olhando nos olhos, me cobrando a certeza ferina das palavras ...’.nao quero ver aquilo que já sei de sobra, vc me pede pra ir ao ciNEma...’

Fico pensando em quantos passeios ate o Leblon ( sempre o Leblon)... e que não habitamos mais um lugar e sim a própria velocidade e que essa pressa poderia nos afastar, todas essas informações, mas não, nós não, sempre teremos a poesia nos chamando, nos tomando de assalto a qualquer hora e isso é que nos torna senhor de nosso passos....

Tudo isso, escrito assim dessa forma é pra te dizer o quanto te amo ( e tambem a Clara!) e que voces são a menina dos meus olhos, as princesas de meus movimentos e ações, tudo o que faço eu penso em voces e no imenso amor que nos circunda.
Se não entender o que escrevi peça pro Tio Miguel te explicar, se ele tambem não entender peça pra ele te ler quantas vezes for necessário ate que não precise mais se ler, ate que tudo o que escrevi se transforme em puro amor, pura luz: tudo pra voces duas, minhas princesas sem coroa, Julia Peticov e Clara Dorneles Peticov!
Bjs
Tio Bibiko.
Outuno de 2007 ( em prisão domiciliar/ São Paulo)

Monday, February 02, 2009

Day by day, Gothan Sampa


Day by Day,Gothan Sampa, maio de 08 ( Póstumo)

Fui dormir triste, estava tão frio que doía minha alma. Pensei em você e na sua cama, suas pernas. Sua casa de mármores tão brancos.branca.branca.
Agora estou só.
Ando triste feito canção do Radiohead. Subi e desci a Nazaré.Nao vou omitir que parei em frente a igreja.Sempre o exacerbado catolicismo ibérico me perseguindo.
Estou tão só que minha arrogância não deixa mais ninguém me amar e nem se aproximar de mim, ‘só falo comigo & comigo’.
Subi a Vergueiros em direçao ao metrô e o esgoto corria a céu aberto –a inferno aberto- as ruas como feridas no céu. Borges, sempre Borges nos ouvidos.
Os carros todos parados. Passamos mais tempo no transito do que em casa. A impossibilidade pratica de ser feliz com tantos automóveis. Eles invadiram a simples-cidade.
Essa cidade é um inferno, essa cidade é um inferno.
Ambientes áudio-confusos.Ambientes áudio-confusos.
O metrô lotado, me senti gado novo, nada admirável, sem charme, apesar de meu cachecol gringo.
Na volta os botecos lotados de gente triste e bêbada, tomando cachaça com suas miseráveis moedas.Me pergunto onde Deus está nessas horas.é uma pena que não exista mesmo um deus, eu ando a procura dele desde os 9 anos de idade.bebi também apesar do esgoto a céu aberto...precisava me conectar com aqueles perdedores e só o álcool conseguiria isso.Aqui é o fim do mundo.Os carros todos parados.Uma multidão parada na Sé enquanto o metrô seguia sem parar, lotado.
Lembro da sua casa e de suas escadas de mármore, o cheiro de roupa na mala. Zoinhos assim são mais belos que renda branca na sala.
Desci a Cipriano Barata no Ipiranga. Nos fones Dylan e uma frase de Marcuse, sobre ‘o termino do domínio do principio da realidade sobre nós’...sobre minha infelicidade, eu precisava estar nessa cidade? Essa cidade é um inferno. A minha saúde espiritual entre a luta desprazerosa e a felicidade, a raiva racional e o amor racional, como disse Jung.
Estar em movimento.
Saber e estar preparado pra aceitar o amor. Em mão dupla.


Ps: pra Liége que me forneceu as primeiras cobertas e agasalhos quando cheguei no inverno mais frio da década em SP.

Eu amo essa cidade!

Byra Dorneles
www.palavraeletrica.com

OUÇA A PALAVRA ELÉTRICA VOL.1