Monday, September 22, 2008

Day by Day

Guanabara, 20 de setembro de 2008.



Cheguei quinta-feira no Rio após três meses em São Paulo. Meu gato não me reconheceu, correu pra baixo da mesa, e se escondeu. O Vidigal ocupado por militares do exército, me deixou muito assustado. Só no dia seguinte percebi a realidade: era uma ação preventiva contra abusos eleitorais. Ao fazer meu passeio predileto e rotineiro ao super-mercado vi a alegria dos meninos-militares com máquinas fotográficas penduradas ao pescoço e olhando o charme das meninas.

A Guanabara se tornou um espelho mentiroso de seu destino, a cidade sitiada. Ainda temos a praia. Será? A barbárie se tornou rotineira e monótona aos olhos dos telejornais. O mundo é tudo o que a gente acha que é.
Fui até Ipanema nos Estudios Alberto's na tentativa de gravar algumas vozes e esboçar o projeto pra nossa próxima apresentação, Freak Out em São Paulo. Falei mais tempo do que devia mas a felicidade das minhas netas era puramente o reflexo dos meus olhos, as meninas dos meus olhos.
Ligamos um microfone na cozinha, fizemos um pré-ensaio e coloquei-as pra gritarem:

A CERTEZA DA CERTEZA FAZ O LOUCO GRITAR
A CERTEZA DA CERTEZA FAZ O LOUCO GRITAR
GRITAR GRITAR GRITAR!!!
Boomp3.com

Foi mágico, prazeroso... ouvir depois as vozes editadas. Ouvindo tudo e tentando entender a frase, pensei como a filosofia pretende eliminar todas obscuridades e trocá-las pela clareza enganadora e ambígua do senso comum:

GRITAR GRITA GRITAR!!!!

O futuro:

Tomei uma decisão radical no início da semana e me preparo pro próximo passo. Em 30 dias preciso estar preparado com todas essas mudanças. A poesia aflora, a literatura, a literatura:
Com todos seus segredos e meus olhos percorrendo todos livros mundos da subterrânea
Com a avidez de um lobo louco.....

Eu sempre soube o que quis, desde os 9 anos de idade. Não posso lutar contra o homem que sou Eu. Como disse um antigo escritor, todo homem deve acatar aquele que traz consigo. Meu destino é de lobo e não de cachorro gregário, que vive em bando. O medo estava me tomando e me entristecendo, assim disse meu bichinho bonito.

Inesgotáveis repetições. Não posso ser um turista, um expectador disso tudo que me circunda. Sou um caçador a espreita do Novo. E é isso que me move entre a Paulista e a Rua Nova, no Vidigal. Me recuso a ser vitima da condição humana, não vou vitimizar minha estória, como disse Lester Bang.

Ps: meu amigo, quando você mentiu?
Quando disse que me amava
Ou quando disse que não?
Qual parte do NÃO eu não entendi...
Como disse Marx, os filósofos interpretaram o mundo, mas o que me importa mesmo é transformá-lo.


Byra Dorneles, 53, vive entre o Rio e São Paulo, porque não quer chorar.


(Byra Dorneles e Gerson King Combo,o lendário soul man no Canequinho Café-rj)

OUÇA A PALAVRA ELÉTRICA VOL.1