Friday, June 16, 2006

Droga é legal, o homem que não é.


Domingo passado estava conversando com um amigo meu que é musico e constatei algo que penso há anos: droga é legal! Pense em toda a obra dos Stones, Brown Sugar na década de 70 e dos Doors, se não houvesse drogas. Sem apologia , eu só uso drogas ilegais duas vezes ao ano, no meu aniversario e no reveillon, mas fico pensando...Cabeça de Dinossauro dos Titãs, sem o Arnaldo Antunes drogado, seria possível? Sgt. Peppers, dos Beatles sem ácido lisérgico? Rimbaud...? Uivo do Allen Ginsberg? As portas de Percepção de Aldous Huxley sem drogas? Flashbacks, de Timothy Leary? O A E O Z, dos Mutantes? Meu amigo dizia: “sou um homem! Como é que é!? Alguém ou o sistema vai me dizer o que eu devo comer ou beber? A maconha é meu samba!” A proibição provém justamente do medo que ‘eles’ têm da máquina parar de funcionar e de que todos acabem com sua rotina febril e estagnante, de que nasça uma nova ordem em que os princípios cristãos caóticos e caducos venham ser questionados. A partir do momento que a sociedade rotula a pessoa de ‘viciado’ ele é excluido de uma possível participação e é discriminado. Ralph Emerson, que nasceu em 1803, usava haxixe e ópio e defendia um sistema de idéias basicamente fundamentado na individualidade, crescimento interior, autoconfiança e rejeição à autoridade, instigando assim, as pessoas a procurar um Deus interior e abandonar o cristianismo. Qual a importancia das drogas? Elas são usadas desde que o mundo é mundo! Qual o medo que elas despertam? Na Hollanda e alguns bairros de Londres tem espaços liberados pra seu uso com controle da sociedade e não tem casos de violência ou quaisquer distúrbios. Nesses casos acima em que cito alguns artistas que usaram e fizeram obras maravilhosas, alguém pode argumentar referindo-se às mortes de overdose e tal....É por isso que digo que a droga é legal e como o homem é que não sabe manipular e perde o controle, se Freud conseguisse conter sua fome de cocaína talvez chegasse a resultados enormes.Se Hendrix não se chapasse daquela maneira não teria morrido de sufocamento pelo vômito...Janis Joplin estava acostumada com uma dose de heroína sarapa e naquele dia fatal veio uma carga muito pura e...Elis Regina me parece que foi a mesma coisa... Recentemente, em 2003 houve um congresso aqui no Brasil, chamado Narco News, no qual um professor norte-americano, Robert Stephens, tentando espalhar o medo, como fizeram em 1937 quando foi proibida a maconha nos EUA, querendo apertar o cerco aos usuários e tambem visando aqui, a implantação de clínicas de ‘tratamento’, (esse terrorismo chamado de justiça terapêutica), fez varias falsas afirmações sobre a droga:
1 - causa insônia
2 - náusea
3 - nervosismo
4 - ansiedade e perda de apetite(!!!)
É claro que foi desmascarado lá mesmo na terra dele, imagine aqui, dizer que maconha provoca insônia e perda de apetite! No mínimo ele nunca experimentou!

Alguns nomes históricos que usaram/pesquisaram drogas: Carlos Castaneda, Aleister Crowley, William Burroughs, James Joyce, Ken Kesey, Torquato Neto, Alan Watts, Lennon, Paolo Mantegazza, Sergio Sampaio, Miles Davis, Jim Morrison, Keith Richards, Raul Seixas, Mick Jagger, Tim Maia, Jerry Rubin, Eduardo Bueno, Abbie Hoffman, Kurt Cobain, Arnaldo Baptista, Albert Hoffman, Allen Ginberg, Timothy Leary, Arnaldo Antunes;
Concluindo, vamos usar todas as drogas, plantas, com responsabilidade e moderação pois seu uso pode causar dependência, pensando que é fundamental:

1- Construir seu próprio e desfrutável universo
2 - Pense por si mesmo e questione a autoridade, como disse Burroughs: “ Na verdade, tudo é permitido”.
3 - “ O fato de todo homem e toda mulher ser uma estrela”.

Eu não posso causar Mal nenhum a não ser a mim mesmo...(Lobão e Cazuza)

*Byra Dorneles (Auto-didata, ex-calafate e estuda sobre drogas desde os 13 anos)
Base do texto: www.narconews.com
"Flashbacks" de Timothy Leary.
ILUSTRAÇÃO: ADÃO ITURRUSGARAI
HELP LUXUOSO: CYNTHIA LAVOIE

ABOUT ME E TORQUATO


ABOUT ME E TORQUATO NETO










Abri uma cerveja e mais outra e eu queria mais e me flagrei de uma coisa que o Torquato Neto disse: o alcool é pra mim o que é a coca e o piau pra alguns...e eu sou radical em relaçao à coca , mas é a mesma coisa: a birita vai me levar pro hospício. Minhas idéias estão embaralhadas, esqueço de tudo, ando com papel e caneta no bolso e escrevo tudo, dois minutos depois não lembro mais....Na sexta passada me deu um branco e fiquei quase uma hora a deriva, tipo bad trip de ácido...com as lembranças feito estilhaços ma minha cabeça... Sei, como disse Nietzche, “Nós, os novos, os sem nome, os difíceis de serem entendidos, os filhos prematuros de um futuro ainda não demonstrado, temos a necessidade, para um novo objetivo, de um novo meio, quer dizer, de uma nova saúde, uma saúde mais forte mais afinada mais tenaz mais ousada mais divertida do que todas as saúdes conseguiram ser ate agora...”. Sei que citar Nietzche é um pouco de ousadia, mas é assim que me sinto em relação ao álcool, é meu aliado nesse sentido...e Nietzche fala em saúde uma saúde mais forte e tudo, sem uma vírgula, de uma vez.... Fui pra análise, passei anos lá e resolvi algumas questões, mudei minha relação com o álcool, mas largar ele mesmo, jamais. Sou um observador do tempo, não fico de bobeira e sei que é extramamente prazeiroso estar aqui e agora e presto atenção e medito e faço a respiração certa, mas o álcool não largo. Aí me deparo com um texto do Torquato dizendo: eu não percebia que o álcool é a mesma coisa do vício do pico e pode me levar pro hospício... Eu sempre tentei levar uma vida outsider e criei meus filhos assim e fugi da escola e do serviço militar obrigatorio, quase rasguei minha identidade, quase fugi do país num trem fantasma via Bolívia, quase fui pai aos 17 e nessa epoca o álcool não era tão importante pra mim e eu também adorava ácido lisérgico e cogumelos, mas essas drogas não provocam dependência como o álcool e anfetaminas. Eu tenho medo de ir parar no hospício e é por isso que estou aqui escrevendo isso pros amigos, assim como um testemunho, deixando bem claro que de qualquer maneira não sinto a menor vontade de largar o álcool por mais medo que eu tenha de ir pro hospício como Torquato. “Se quiser samba, faça. Se quiser culpa, curta. Mas assim: abaixo a psiquiatria” . Mais uma vez, Torquato. Asfixia: é assim que me sinto quando ligo o rádio, eu não consigo mais ouvir rádio ou Tv; isso, eu ouço Tv, não vejo. Tudo o que escuto não toca mais em lugar nenhum e o que eu pensava ano passado se tornou velho , o que eu ouvia em janeiro não ouço mais, não consigo ouvir Mpb de jeito nenhum, eu que gostava tanto, é só Paulinho da Viola e uma frase apocalíptica dele: eu não vivo do passado, o passado é que vive em mim.... Eu usava pseudônimo pra escrever meus textos e soube que no século passado os artistas chegavam a ter 40 alter-egos, Fernando Pessoa foi um desses, eu usava FlyBlue e Mazarem, até por que eu falava sobre drogas (sem apologia, acho que todos tem o dever e direito de experimentar tudo) e eu me escondia, até que um dia eu disse, basta, e assumo tudo: tudo que eu escrevo, escrevo pra mim mesmo, sou meu próprio objeto de desejo.. Eu dispunha respostas pras todas questões, agora perdi todas as certezas e não me preocupo mais com isso, renasço todo dia com uma duvida e uma certeza a menos: todo dia é dia D... Fico com o frescor da duvida, a certeza da certeza faz o louco gritar e eu não grito mais, apenas abro mais uma cerveja e penso na morte como aliada, é assim mesmo, a morte é meu aliado pois é ela que me impulsiona, me joga no mundo, é com o medo que eu procuro me situar nesse tempo fantástico e deslumbrante que vivo, garimpando sonhos acordado. E o álcool apesar de todo esse medo que tenho de ir pro hospício como Torquato e Sergio Sampaio e Rimbaud é também um aliado....Será meu aliado enquanto eu estiver no comando das minhas ações, eu é que uso o álcool não ele me usa, como bem disse Bukowski....ah, sim, ele...Acho que nenhum garoto de 16 anos devia ler Bukowski, ele me incentivou muito meu vício, mas eu tinha 26 anos quando li "Mulheres" e estava saindo do segundo casamento e era o ano do primeiro Rock In Rio, nunca vou esquecer o prazer anti-cívico que tinha de jogar as latas pela janela do ônibus, ele falava demais nisso nos seus textos e aqui só saiu a primeira cerveja one-way em 85, no ano da graça do primeiro Rock In Rio! Tenho vontade de mandar isso pro meu pai e pro meu irmão Paztor e pro Leozinho - por que tudo foi escrito ao som altíssimo do Radiohead .( mas tenho medo deles acharem que estou enlouquecendo).
Paz, dê uma chance!Como Cole Porter e Torquato Neto devo abrir o gás, tomar champagne ou cianureto?

OUÇA A PALAVRA ELÉTRICA VOL.1